sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

A EXISTÊNCIA INEXISTENTE

Eu já não sei mais se existo, ao menos aqui.

Eu já não sei mais se desisto, ao menos daqui, como desisti.

Das úlceras que a vida nos dá provem aquele sentimento criacional, misturado com a tristeza da alma e a dor do peito, influenciando-nos a verborrear aquilo que a gente sente dentro da gente.
Senti saudade da escrita. Nesse período em que afastei-me, nem o amor e nem as dores foram suficientes para serem o estopim de uma verborreia qualquer, mantive-me calado com a historia na cabeça.

Tem lutas que a gente perde, batalhas que a gente desiste e medos que a gente adquire, mas, neste interregno, nada disso foi suficiente para me fazer escrever novamente.

Eu esqueci de mim, do que eu fazia. Esqueci-me, pecaminosamente, que a escrita é uma puta muleta na vida e que através dela posso lapidar a minha cabeça, louca e maluca, que não para de funcionar.
Não sei se alguém lê isso ainda, acredito piamente que não, mas de qualquer forma sinto-me bem ao passar para o "papel" aquilo que a cabeça cria.

É rápido, mas é demorado. Demora para que tiremos o pensamento do mundo das ideias, chochamo-os na vastidão da melancolia e transcrevemos para algum lugar.

A única escrita  que diariamente é feita são petições em busca da justiça, amparada pelo português juridiquês que, pasmem, da um trabalho e tanto inventar palavras para o vocabulário jurídico. É uma tentativa de convencer alguém de que aquela palavra é o que é, sem ela ser. Ademais, as escritas se resumiram também à mensagens da vida e de promessas de amor. Informal, simples, sem muito afeto, mas com significativo significado. Era o grito da ausência do afago!

Quanto à boca, essa nunca se calou. Falou demais, amou demais, esbravejou demais e entristeceu-se demais mas jamais ousou em se aquietar. Devia, pois. Quem sabe agora no momento é o devido a se fazer. Boca maldita!

Eu peço desculpa pra mim pelo silêncio durante esse tempo e vejo que não era necessário silenciar-me, bastava, aos poucos e na miúda, transcrever aquilo que pensava, mas decidi que não era necessário e isso fode!

Quem sabe agora, todo desgraçado, fodido, amargurado, ferido, gordo e ex-inveterado tabagista e eventual habitualmente ébrio, eu possa ter inspiração para regurgitar algumas letras. 

Acho necessário.